domingo, 5 de janeiro de 2014

Como influenciar as pessoas mais do que a mídia influencia

Todo santo dia, sem exceções, encontro alguns peregrinos errantes e sarados, alguns índios, alguns policiais,
outros motoqueiros e bombeiros, que chegam saltitantes até meu templo e perguntam:
 - Oiê. É aqui que fica a Associação de Rapazes Cristãos?
Desapontados com a resposta negativa, geralmente saem cantando e dançando, se abraçando pelos lindos campos que cercam meu templo.

Comovido com essa leva de ingênuos jovens que vêm sendo influenciados pela cultura de massa e pela mídia, sem ao menos entender as ideias que defendem, pensei num tutorial um tanto quanto diferente dos demais: Como influenciar as pessoas mais do que consegue a mídia.
Sim, porque o Sr. Guruzão não acha que seja possível impedir que as pessoas sejam seduzidas pelas alegres imagens provindas da Caixa Colorida do Xesbé, que todos vocês têm em suas salas. Então porque não fazer o oposto? Ao invés de combater o Pé Redondo, que é muito mais forte do que a gente, tentar chamá-lo para jantar e pedir algumas dicas de abordagem (claro que isso é uma metáfora, sei que ninguém aqui vai querer receber o Cramuio em pessoa, em sua própria casa, e colocá-lo para sentar-se na sua mesa! Ele fede muito).

Os intelectuais bombardeiam as novelas, minisséries, programas de auditórios e tudo mais, pois são formadores de opinião usando esse espaço para alienar ainda mais o público, ao invés de criar seres pensantes e críticos. Sabe por quê? Porque os intelectuais são burros! Sim meu jovem, o Sr. Guruzão aqui não é um intelectual. Entre uma oração e outra, o velho guru aqui se esbalda com as Vídeo Cassetadas, medita e evoca as energias do Mana pra saber se o cara vai trair a mulher ou não até o fim do programa e alcança o Nirvana ao saber o que o Fiuk estava fazendo no camarote da Bhrama durante o Carnaval.

Um dia, presenciei um ateu burro, que entrou na igreja e falou ao pastor:
 - Jesus está ultrapassado! Você tem investir suas forças em algo com mais conteúdo intelectual. Que tal dedicarmos o culto de hoje em louvor a Monty Python?
Ele só não foi enforcado pelos fiéis porque a bíblia diz que os assassinos não hão de herdar o reino de Deus, mas saiu dali sob uma trovoada de palavrões e uma avalanche de objetos atirados com pontaria precisa. Atiraram nele até um falo artificial de cor púrpura, que um dos membros da igreja sempre levava ao culto, esperando por uma oportunidade dessas.

Monty "God" Python
Igreja é lugar de religiosidade. Você não vai até ela buscando debater a teoria do Eterno Retorno, de
Nietzsche! Televisão é lugar de superficialidade. Você não a liga pra “comer um rango assistindo alguma coisa de Brecht”. Ponto! Entender isso é o primeiro passo que deve ser entendido por você, que sente necessidade de uma mudança de pensamento da sociedade.
 - A, tá. Quem é você pra falar isso?  Tenho anos na área cultural e alguém como VOCÊ vai querer me educar? – Diz aquele pseudo-intelectual, que resolveu ler ao menos essa postagem do Sr. Guruzão, pois o resto do blog junta mais lixo que brainstorm de Zorra Total – Só quem está no ramo cultural sabe do descaso e desinteresse da sociedade por manifestações artísticas cujos objetivos diferem da cultura de entretenimento! Você tem que socar teatro goela a baixo para fazer as pessoas se darem uma chance de conhecer, enquanto as novelas, cada vez mais se propagam nas casas das pessoas como uma praga! Você não exige uma mudança?! Alienado!

Calma meus caros leitores. É agora que chega a hora de chamar o Capiroto para um café!
A cultura de massa joga sujo, bicho! Prometem vida eterna. Prometem um lugar ao lado do trono. Tiram você da piscina de prástico e colocam numa mansão na capital paulista, discutindo a posse de uma gorda herança. Tem como combater isso? Claro que não! O Bajujo trabalha por meios misteriosos.
O negócio é aprender com o Tinhoso! O tutorial que segue ensinará isso. Tomarei o teatro como base de exemplo, para conseguir ilustrar de maneira mais concreta, mas podes usar a tática para influenciar as pessoas em qualquer manifestação cultural que estás a promover.

·         O primeiro passo é o marketing.

Crie frases de efeito para atrair as pessoas para seu evento intelecto-cultural. Frases que funcionam são “O Teatro Salva”, “O Teatro é Fiel” e para os espetáculos infantis podemos tentar um “Vinde a Mim as Criancinhas”.

·         Não levem as pessoas para dentro do teatro sem oferecer nada em troca.

Esse é um grande problema, que acaba fazendo as pessoas saírem frustradas de lá. Você acha que as pessoas vão ao auditório do Faustão para ver as atrações? Não! Além das gostosas da primeira fileira, que são pagas para estarem ali, os demais vão atrás de status (as placas de “mãe, olha eu aqui” deixam isso bem claro), seguidores no Facebook e Twitter, fotos com celebridades para postar no Facebook ou Twitter em busca de status e uma porção de coisas diferentes que envolvem as palavras Facebook e Status. Vocês podem tentar efeitos parecidos com seu público parando o espetáculo no meio para sortear coisas e usando no marketing frases como “Os espectadores hão de herdar o reino de Deus”.

·         Tenha um espetáculo no mínimo interessante.

Vamos dividir esse tópico em subtópicos:
1.       As pessoas amam espetáculos em que os atores interagem com o público, então tente criar deixas para que as pessoas possam completar as frases em coro e textos repetitivos que todos possam falar juntos. Em alguns momentos, o público pode gritar certos bordões, como “Ó lá a Lua, Irmão!”, ou algo parecido. Logo todos aprenderão.
2.       Tente prender as pessoas até o fim do espetáculo, criando uma problemática e estendendo a solução por uma, ou duas horas. No final, você deixa o desfecho para o próximo espetáculo.
3.       O que também funciona é interromper o desenrolar do espetáculo por um momento, para criar uma hora beneficente, onde você presenteia pessoas pobres, maquia, penteia, exibe elas ao publico como macacos adestrados e mostra o quanto você é uma pessoa boa. Isso prende muito as pessoas;

Ué, só isso? Sim! Esses três passos são mais que suficientes para influenciar toda sua cidade e, quem sabe, podes até se tornar uma influencia histórica para o mundo.
Sr. Guruzão sabe perfeitamente que isso funciona. Uma antiga amizade, a qual acabou se convertendo em rivalidade mais tarde (falo mais sobre isso nessa postagem), se apropriou de algumas dessas táticas para seus próprios bens E FUNCIONOU!
Podes até usar esse sucesso todo para melhorar sua situação financeira deplorável e miserável de artista, cobrando uma “mensalidade” do seu público ao invés do ingresso comum e tirar um momento do espetáculo diário para passar o chapéu, como uma oferenda voluntária, conseguindo assim uma renda extra certeira e definitiva. Editais nunca mais!!

No próximo tutorial ensinarei a Como convencer sua mãe de que John Lennon é a ressurreição e a vida e quem crer Nele, ainda que esteja morto, viverá!

Que os Deuses da sabedoria alimentem sua alma!


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